Taxas de juro sobem, mas prestações caem Taxas de juro do crédito, como a Euribor, subiram em agosto, mas as prestações da casa ainda vão diminuir nos próximos meses antes de estabilizarem. 22 out 2025 min de leitura As taxas de juro do crédito sofreram uma inversão de tendência em 2025, com a subida das taxas Euribor em todos os prazos entre julho e agosto, algo que não se via há quase dois anos. Este fenómeno está ligado à decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter inalteradas as suas taxas de referência após dados positivos da inflação na Zona Euro. A expectativa inicial de novos cortes nas taxas de juro foi revista, devido à estabilidade da inflação e perspetivas económicas que indicam um crescimento moderado, longe de uma recessão. Esta nova realidade tem impacto direto nas taxas de juro do crédito exigido pelos bancos aos consumidores. Impacto da manutenção das taxas de juro do BCE O BCE optou por manter as suas taxas diretoras estáveis em 2%, sinalizando que o ciclo de descidas poderá ter chegado ao fim, ou seja, não são esperadas novas reduções nos próximos meses. Esta decisão reflete uma política monetária baseada na estabilização da inflação e na tentativa de garantir equilíbrio económico na Zona Euro. Assim, as taxas Euribor, que servem como referência para a fixação dos juros do crédito bancário, especialmente no crédito à habitação, reagiram subindo ligeiramente em agosto, provocando expectativas de estabilidade ou ligeiros aumentos nas futuras revisões dos contratos de crédito. O que significa esta subida para as prestações do crédito habitação Apesar da subida das taxas Euribor, as prestações do crédito à habitação ainda deverão apresentar variações que favorecem uma redução temporária, graças ao modo como as revisões são calculadas. As prestações são ajustadas com base na comparação entre a taxa Euribor atual e a taxa vigente na última revisão do contrato. Para contratos indexados à Euribor 6 meses, as taxas médias de agosto ainda são inferiores às taxas médias de fevereiro, possibilitando uma descida nas prestações. A comparação não é feita entre mudanças mensais, mas entre as taxas médias durante os períodos de revisão, o que pode suavizar o impacto das subidas recentes. A descida nas prestações deve manter-se nos próximos meses, mesmo com a recente subida das taxas de juro. Quem celebra ou revê contrato a curto prazo poderá beneficiar de prestações mais baixas devido a esta dinâmica de cálculo. Perspetivas para os próximos meses e riscos de subida Se a subida das taxas Euribor se mantiver, essa fase de diminuição poderá acabar, e as prestações poderão estabilizar ou mesmo subir ligeiramente no futuro. No entanto, a previsão mais consensual entre especialistas é que as taxas se mantenham estáveis ou tenham pequenas variações, sem grandes aumentos abruptos. Mesmo que as taxas subam moderadamente, o impacto nas prestações será geralmente reduzido, considerando as oscilações verificadas no último triénio, especialmente durante a crise inflacionista. Para contratos indexados à Euribor a três meses, mais sensíveis a mudanças imediatas, o efeito poderá ser um pouco mais visível do que para os prazos de seis ou 12 meses. A importância do contexto económico e geopolítico O cenário futuro das taxas de juro do crédito está também condicionado ao contexto geopolítico e económico global, que apresenta incertezas. A estabilidade económica da Zona Euro, aliada a acordos comerciais relevantes, pode reforçar a persistência das taxas nos níveis atuais. Ao mesmo tempo, as decisões do BCE dependerão da evolução dos dados inflacionários e do crescimento económico, fatores que vão determinar se haverá cortes, manutenção ou possíveis novas subidas das taxas de juro em 2025. Como conferir o impacto no seu crédito Para quem tenha contratos para rever nos próximos meses, é aconselhável comparar as taxas Euribor da última revisão com as atuais para perceber o impacto real nas prestações. Por exemplo, num empréstimo de 200 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor de seis meses com spread de 1%, a diminuição da prestação em setembro pode rondar os 40 euros. Se o contrato estiver indexado à Euribor de 12 meses, a descida poderá ser ainda maior, podendo atingir cerca de 110 euros, devido às diferenças entre as taxas médias de agosto e as taxas da revisão anterior. Conclusão: taxas de juro do crédito e gestão do orçamento familiar Apesar da subida recente das taxas Euribor, as prestações do crédito à habitação continuarão a beneficiar de descidas a curto prazo antes de estabilizarem. O impacto destas variações nas finanças familiares tende a ser moderado e não deverá colocar em risco o equilíbrio orçamental. Contudo, manter-se informado sobre a evolução das taxas de juro do crédito e compreender como elas afetam os contratos é fundamental para a gestão financeira mais eficiente e preparada para eventuais mudanças no mercado. FONTE: SUPERCASA Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado