O Futuro da Habitação em Portugal: O que 2025 nos Reserva? Apesar das iniciativas governamentais e das expectativas de maior dinamismo na construção, especialistas avisam que, em 2025, o acesso à habitação em Portugal continuará a enfrentar desafios estruturais, com preços altos e desigualdades cada vez mais acentuadas. 12 fev 2025 min de leitura Situação habitacional em Portugal: desafios persistentes e previsões para 2025 Nos últimos anos, o setor habitacional em Portugal tem enfrentado uma crise sem precedentes, marcada por uma escalada nos preços de compra e arrendamento, bem como pela escassez de habitação acessível. Apesar de algumas iniciativas governamentais e do lançamento de pacotes legislativos, a oferta de habitação tem-se revelado insuficiente para responder à crescente procura, agravando os problemas estruturais do mercado. O ano de 2024 foi especialmente caracterizado por um aumento nas transações e nos preços, num cenário que refletiu a dificuldade em alinhar a oferta com as necessidades reais da população. Custos elevados de construção, restrições fiscais e uma gestão pouco eficaz do património público contribuíram para um mercado cada vez mais inacessível. Estudos revelam que Portugal permanece entre os países europeus onde é mais difícil obter habitação adequada, um reflexo da combinação de políticas ineficazes, especulação e desigualdades sociais em crescimento. O que esperar de 2025? Embora se antevejam alguns avanços, os especialistas alertam que os desafios estruturais continuarão a dominar o panorama habitacional em Portugal. Preços elevados e estabilização em níveis altos Os preços das habitações poderão estabilizar em 2025, mas esta estabilização ocorrerá em valores historicamente altos, o que continuará a excluir uma parte significativa da população do mercado. No setor do arrendamento, as dificuldades serão ainda mais evidentes, com os preços a acompanharem a forte procura, deixando muitas famílias em situações de vulnerabilidade económica. Aumento da construção, mas com acessibilidade limitada Apesar das previsões de um incremento na construção de novas habitações, fruto do retomar de projetos suspensos nos últimos anos, os elevados custos de terrenos, materiais de construção e fiscalidade colocam sérias dúvidas sobre a acessibilidade económica das novas habitações. Este aumento na construção pode beneficiar segmentos de maior poder económico, mas pouco contribuirá para resolver a crise de acessibilidade habitacional nas camadas mais desfavorecidas da população. Iniciativas governamentais de impacto reduzido As medidas anunciadas pelo governo, como incentivos fiscais e parcerias público-privadas, procuram estimular a construção de habitações e aumentar a oferta no mercado. Contudo, estas iniciativas têm sido alvo de críticas, sobretudo por beneficiarem uma parcela limitada da população e não resolverem os problemas estruturais do mercado. A regulação do mercado habitacional, essencial para equilibrar a oferta e a procura, continua a ser insuficiente e desajustada à realidade. Desigualdades sociais em crescimento A crise habitacional está a aprofundar clivagens sociais em Portugal. Fenómenos como o aumento de pessoas sem-abrigo, despejos silenciosos e a proliferação de habitações em condições precárias têm-se tornado mais evidentes. A tensão entre comunidades que vivem em condições de luxo e aquelas que enfrentam graves carências habitacionais é cada vez mais notória, contribuindo para uma sociedade mais polarizada e segregada. Outros desafios no horizonte A gestão do património público, que poderia ser uma alavanca para promover habitação acessível, tem sido marcada por ineficiências e atrasos. A venda de terrenos públicos a preços elevados e a burocracia associada à utilização dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência têm limitado o impacto das medidas anunciadas. Paralelamente, a falta de regulação clara e transparente continua a favorecer a especulação imobiliária, dificultando uma resposta adequada às necessidades habitacionais da população. Perspetivas para o futuro Em 2025, os problemas estruturais do mercado habitacional em Portugal continuarão a exigir atenção e soluções abrangentes. Embora o aumento na construção possa representar um sinal positivo, será insuficiente se não vier acompanhado de medidas eficazes para assegurar a acessibilidade económica das novas habitações. A falta de regulação robusta, aliada à especulação imobiliária, manterá o mercado num estado de desequilíbrio, dificultando o acesso à habitação, especialmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade. Portanto, o futuro do setor habitacional em Portugal dependerá de intervenções estratégicas e ambiciosas que abordem não apenas a oferta e a procura, mas também as profundas desigualdades que esta crise tem vindo a acentuar. A falta de ação pode transformar uma crise já grave num problema ainda mais profundo e de longa duração. FONTE: SUPERCASA Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado