Crédito à Habitação registou valor recorde Jovens até 35 anos representam quase metade dos contratos; incentivos fiscais e descida nas taxas de juro impulsionam o setor. 19 jan 2025 min de leitura O crédito à habitação em Portugal atingiu, no passado mês de outubro, o valor mais elevado dos últimos dez anos, segundo dados do Banco de Portugal. O montante de novos contratos ascendeu a 1.676 milhões de euros, um marco que reflete uma conjugação de fatores como incentivos fiscais, redução das taxas de juro e a crescente procura por parte de jovens adultos. Este resultado reforça a importância do setor imobiliário na economia nacional e demonstra a relevância das políticas públicas direcionadas a este mercado. Quase metade do montante concedido em outubro foi para jovens com menos de 35 anos, representando 48% dos novos contratos de crédito para habitação própria permanente. Este dado demonstra o impacto positivo das medidas de apoio lançadas este ano, como as isenções de impostos e os incentivos ao crédito jovem. Por exemplo, com a isenção de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) e de Imposto do Selo na compra da primeira habitação, jovens compradores podem poupar milhares de euros. Num imóvel avaliado em 300 mil euros, as isenções fiscais podem significar uma redução de até 13.377,58 euros nos custos totais de aquisição. Estas medidas foram bem recebidas por um mercado onde os jovens enfrentam, frequentemente, dificuldades financeiras e obstáculos relacionados com os preços elevados do imobiliário e as condições exigidas pelas instituições bancárias. Outro fator determinante para o aumento do crédito à habitação foi a descida das taxas de juro. Em outubro, a taxa média desceu para 3,39%, o valor mais baixo registado desde janeiro de 2023. Este foi o 12.º mês consecutivo de descida, uma tendência que contrasta com as taxas aplicadas noutros países da zona euro, onde a média em outubro foi de 3,50%. A redução dos juros representa uma poupança significativa para as famílias, especialmente em contratos de longo prazo, como os de habitação. A estabilidade das taxas de juro em níveis baixos torna o crédito mais acessível e reduz o peso das prestações mensais, estimulando a confiança dos consumidores. Está em consulta pública um conjunto de novas medidas que inclui uma garantia pública para empréstimos a jovens, em que o Estado assegurará uma parte do financiamento. A implementação desta iniciativa está prevista para o final deste ano ou início de 2025, o que poderá reforçar ainda mais o acesso ao crédito por parte das gerações mais novas. Combinando este suporte com os incentivos fiscais já em vigor, espera-se que mais jovens possam entrar no mercado habitacional, contribuindo para a sua dinamização e para o rejuvenescimento do parque habitacional português. Paralelamente, o volume de renegociações de crédito à habitação atingiu 535 milhões de euros em outubro, um aumento de 104 milhões face ao mês anterior. Esta tendência reflete a preocupação das famílias em adaptar os seus contratos às mudanças económicas, como a flutuação das taxas de juro e a necessidade de ajustar prazos ou condições contratuais. Ainda assim, o valor registado em outubro representa uma diminuição significativa face ao mesmo mês de 2023, quando o montante renegociado foi de 1.219 milhões de euros. Esta redução pode ser explicada pela estabilização das taxas de juro, que geraram menos necessidade de revisão das condições dos empréstimos. Além do crédito à habitação, o crédito ao consumo e a outros fins também registaram aumentos. Em outubro, foram concedidos 585 milhões de euros em crédito ao consumo, um aumento de 90 milhões face ao mesmo mês de 2023. No crédito a outros fins, o total foi de 237 milhões de euros, um aumento de 91 milhões em relação ao período homólogo. As taxas de juro médias para estas categorias também registaram descidas. No caso do crédito ao consumo, a taxa caiu para 8,91%, enquanto para outros fins desceu para 4,33%. Estas condições podem explicar o aumento da procura por este tipo de financiamento, frequentemente utilizado para compras de bens duráveis ou para colmatar necessidades pontuais. Uma perspetiva para o futuro O mercado de crédito à habitação em Portugal está a atravessar um momento dinâmico, impulsionado por políticas públicas focadas no apoio aos jovens, pela redução das taxas de juro e pela adaptação das condições de financiamento às necessidades dos consumidores. Este contexto tem permitido não só o aumento da acessibilidade à habitação própria como também a dinamização da economia através do setor imobiliário. Com a entrada em vigor de novas medidas, como a garantia pública nos empréstimos para jovens, o mercado poderá beneficiar de um reforço adicional, promovendo uma maior inclusão e facilitando o acesso à habitação para quem está a iniciar o seu percurso de vida autónoma. Por outro lado, a evolução das taxas de juro e a resposta das instituições financeiras às mudanças económicas continuarão a desempenhar um papel crucial. A estabilidade e a previsibilidade neste domínio serão essenciais para assegurar a confiança dos consumidores e manter a tendência de crescimento no setor. Enquanto isso, o impacto das políticas fiscais e das iniciativas de apoio será uma área a acompanhar de perto, já que a eficácia destas medidas poderá determinar o futuro do mercado de crédito em Portugal e o acesso à habitação para as próximas gerações. FONTE: SUPERCASA Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado